Apesar da idade mínima imposta para utilização de serviços como Gmail e Facebook, de 13 anos, cada vez mais tenho visto pais abrindo contas para os filhos sem realmente saber como ficar de olho neles. Não é porque a Internet é um ambiente virtual, não físico, que ela não possa pôr seus filhos em contato direto com o perigo. Pelo contrário, o perigo é iminente 24h/7 mesmo que você o desconheça.
1. Que tipo de ameaças estão presentes na web?
2. Como adicionar celular e email para recuperação de conta no Gmail
3. Seja alertado sempre que o nome de seu filho aparecer na Web
4. Todas as Dicas de Segurança do Google para a Família
5. Alternativas de segurança no Facebook
6. Como adicionar Contatos de Confiança a uma conta no Facebook
7. De olho no Facebook – Atenção
Que tipo de ameaças estão presentes na web?
Que mal pode causar uma coisa que não é física? Se você por algum momento pensou isso, pare! As ameaças são inúmeras e seríssimas. Uma das mais graves, se não a pior, é aliciação de menores (para não falar em pedofilia!). Nem um pouco agradável pensar que seu filho possa se tornar vítima de um predador, não é?! Imagine vivenciar essa realidade.
O perigo é tão real que a Polícia Federal tem um site especial para denúncias de crimes virtuais. Não acredita? Clique aqui e veja: http://denuncia.pf.gov.br/
Não é o único. A Interpol em parceria com outras organizações também têm. Aqui no Brasil também temos a Safernet.org.br que trabalha com a polícia para desmascarar essas ameaças.
Sem aperto nem stress, eu vou deixar algumas dicas para Gmail e Facebook. A intenção é que não sejam usadas repreensivamente, crianças também precisam de algum espaço para fofocar, paquerar e xingar os professores entre eles, e às vezes xingar os pais também. É normal. Você já fez isso também. Deixe estar e não meta o dedo injustificadamente. Sua meta é mantê-lo seguro, não pentelhar.
ATENÇÃO! Este artigo pode ser considerado polêmico por muitos pais. Não é nossa intenção impor qualquer tipo de ação ou gerar desacordos de qualquer tipo. Nosso objetivo é alertar os pais dos perigos de expor crianças pequenas à web e meios de manter algum controle de forma a minimizar riscos. Comentários agressivos não serão aceitos. Se você não está de acordo, integral ou parcialmente, com práticas de monitoramento, não continue lendo.
Pessoalmente, e por inúmeras razões, sou contra a abertura de contas para crianças muito novas no Facebook. Comecei a participar de IRC aos 13 anos (já estava na web desde os 8-9) e talvez por isso eu seja contra a exposição nesta idade e, sobretudo, abaixo dela. Apesar de esse contato posteriormente ter me trazido grandes benefícios, no que toca o conhecimento, eu também estou ciente das bizarrices presenciadas. Era outra época, o número de pessoas com acesso era significativamente menor que hoje e, ainda assim, o perigo já estava lá.
De qualquer forma, se você acha que chegou a hora de seus filhos terem suas contas e não quer privá-los de nada, não deixe de ficar de olho em suas atividades!!! Não falo de espionagem, pelo contrário, mas é possível (e desejável) usar a tecnologia para mantê-lo longe de predadores. Não é preciso ler conversas para saber com quem ele anda falando, se é um estranho aleatório ou um colega do colégio.
Outro motivo para eu sugerir que os pais tenham algum controle sobre as contas de seus filhos é que crianças esquecem senhas! Como professora no ensino médio, uma das coisas que mais ouço é “ah, abri esse email porque esqueci a senha do outro. Esse é meu terceiro perfil no Facebook, esqueci as senhas dos outros dois.” ou, ainda, perdem seus celulares (aquele que você só pagou 2 das 10 prestações) e não conseguem acessar nem o FindMyIPhone ou o Android Device Manager por não saberem as próprias senhas.
Apertar adolescentes é um negócio que comprovadamente não funciona e só causa stress. Contudo, você pode ter algum controle sem que ele saiba, pelo menos inicialmente, e minimizar as chances de ser exposto a ameaças.
Alternativas de segurança no Gmail
O Gmail é o sistema de gestão de emails gratuito mais completo já desenvolvido. Além de ser necessário à utilização de vários serviços do Google e ser super seguro. Tão seguro que conseguir reaver sua conta em caso de perda de senha chega a ser um inferno.
O que nos coloca no primeiro ponto: Crianças perdem senhas!
O Gmail oferece várias opções para você se previnir contra a perda da própria conta, talvez por saberem que reavê-la beira o impossível. Tente clicar em “esqueci a senha” e veja por si mesmo o pesadelo. Você sabe responder dia, mês e ano do seu último acesso? Dia, mês e ano em que se cadastrou? E listar todos os serviços do Google ligados à sua conta?
Quem usa todo dia deve conseguir responder pelo menos 1. As 3 provavelmente poucas pessoas conseguem e duvido que alguém que se lembre tudo isso esqueceria a senha.
Para não passar esse nervoso, você pode configurar dispositivos e contas de segurança no Gmail. Você pode indicar um número de celular e o Google vai te enviar um código de verificação via SMS caso algum dia você passe por apuros. Útil para a criançada esquecida, mas não coloque o celular deles, coloque o seu. Crianças esquecem senhas e perdem celulares.
Para ficar de olho em quem anda enviando emails ao seu filho, e o que andam enviando, você pode usar um truquezinho do Gmail que concede acesso a uma conta Gmail à outra conta Gmail.
Esse recurso provavelmente foi criado para facilitar a vida de pessoas com múltiplas contas, mas, até certo ponto, pode ser interessante para os pais. Requer que você também tenha uma conta, claro.
A configuração desse recurso é relativamente oculta, disponíveis só para quem acessa por um Desktop, então as crianças sequer notariam sem muito fuçar. Contudo, se você for um pai ou mãe mala que não dá espaço ao filho e o vai repreender por eventuais conteúdos “impróprios”, esqueça. Pare de ler aqui ou vai procurar pulga para se coçar.
A idéia deste post é defender as crianças contra predadores online, não as repreender por paqueras ou ações hormonais próprias da idade. Se você não tem sangre frio e não é capaz de ser compreensivo sobre esses assuntos, o máximo que vai conseguir é que seu filho brigue com você, pare de usar a conta e abra uma conta em outra lugar, escondido. All hell will break loose! Compensa “ficar na moita”, em silêncio, para que, se necessário, um dia lhe seja útil para salvar seu filho de uma ameaça real.
O Google oferece mais algumas formas de proteção de contas, como a autenticação de dois passos, mas essa é para os pais. Para a primeira conta de seu filho, eu sugiro que você configure o celular para perda de senha e, para quem quiser ir mais longe, o acesso à conta a partir da sua própria. Vamos em frente:
Como adicionar celular e email para recuperação de conta no Gmail
1. Logado na conta que abriu para seu filho, clique sobre o avatar (a foto no canto).
2. Clique na opção “Conta”.
3. Clique em “Segurança”.
4. Veja as opções em “Recuperação e Alertas”.
5. Na opção “email”, adicione o seu endereço para receber emails de recuperação.
6. Na opção “telefone” adicione seu celular para receber SMS’s de recuperação.
Se já estiver logado, pode clicar aqui: https://www.google.com/settings/security
Pronto, até aqui você garantiu que quando seu pequeno perder a senha não terá choro. Será só clicar em “esqueci a senha” na conta dele e você poderá reavê-la através da sua própria.
Senhas de crianças também costumam ser muito fáceis. Se, por algum motivo, outra pessoa trocar a senha, você ainda poderá pedir para reaver a conta se o invasor não remover essas opções. Essa dica é útil para todo mundo.
Seja alertado sempre que o nome de seu filho aparecer na Web
Sim, você pode receber emails para isso. Tanto para o seu nome quanto o do seu filho. Contudo, não vai funcionar nada bem se seu filho tem um nome muito comum ou usa apelidos nas redes.
De qualquer forma, se quiser dar uma olhada, o Google oferece aqui um passo-a-passo bem simples:
https://www.google.com.br/safetycenter/tools/#be-alerted-if-your-name-appears-on-the-web
Você também pode usar endereços de email, apelidos, nome completo, somente primeiro e último, etc. Explore.
Essa opção é mais útil para ver se ninguém resolveu expor seu filho a situações indesejáveis do que realmente manter um olho nele. Exposição implica uma série de possibilidade. Bullying online é realmente muito comum e você vai querer saber para tomar providências, já que crianças às vezes escondem isso por vergonha.
Todas as Dicas de Segurança do Google para a Família
Confira todas as dicas e ferramentas oferecidas pelo Google para manter sua família em segurança: https://www.google.com.br/safetycenter/tools/
Quer ir mais fundo? Certeza? Você sempre poderá voltar atrás, nada definitivo, mas o próximo passo pode ser demais para alguns pais. Eu mesma não uso com meus sobrinhos, mas a opção existe.
Conceder acesso a uma conta para outra conta Gmail
Ainda logado no Gmail do pequeno, siga os passos:
1. Clique na “roda dentada” no canto superior direito.
2. Selecione “Configurações”.
3. Selecione a aba “Contas e Importação”.
4. Em “Conceder acesso à sua conta” insira o seu endereço de email.
5. Marque a opção “Deixar a conversa como não lida quando ela for aberta por outras pessoas”. Pronto.
Você está agora oficialmente monitorando o baixinho. Use com cautela!
Para saber mais sobre delegação de acesso à conta, visite a página oficial do Google.
Alternativas de segurança no Facebook
Se a web é malvada, o Facebook é a casa dos demônios para as crianças. Se você permitir que seu filho tenha uma conta, ou o pai, ou a mãe deve ter também!!! Alguém tem de estar de olho. Eu sou tia e sou o olho na web, já que meu irmão e cunhada não se dão lá muito bem com esses meios. Válido também, mas deve ser alguém realmente comprometido.
Ficar em silêncio sobre o Gmail é importante, mas ficar na moita do Facebook é imperativo. É muito fácil para os usuários no Facebook fazerem postagens com restrição de visibilidade. Não importa se você é pai ou mãe, você não vai saber se foi bloqueado.
Tenha seu filho no Facebook, mas não seja o mala. Na verdade, quanto menos você fizer, melhor. Se você sequer aparecer, dará a impressão de que os posts não estão aparecendo no seu feed. Ótimo, nenhum motivo para te bloquear. Com sorte não vão nem se lembrar que você tem uma conta, ou saber que você recebe notificações de todas as postagens feitas pelo seu filho.
Essa é a dica principal para a rede: fique na moita, de olho, e não dê bandeira.
A segunda dica é: adicionar um contato de confiança à conta do pequeno. Que contato? O seu! Contato de confiança é uma conta do Facebook capaz de receber código para redefinição de senha caso o dono da conta não tenha outro meio de o receber. De novo: crianças perdem senhas!
Como adicionar Contatos de Confiança a uma conta no Facebook
Antes de começar, é preciso que você tenha uma conta no Facebook também. Tem? Ok.
1. Logue na conta do Facebook de seu filho.
2. Ao lado do avatar, clique no cadeado.
3. Selecione a opção “ver mais configurações”.
4. No menu à esquerda, selecione “Segurança”.
5. Adicione sua conta como “contato de segurança” (é possível adicionar até 3: mãe, pai, tia/tio).
Até aqui você é capaz de auxiliá-lo quando perder a senha.
De olho no Facebook – Atenção
Você certamente deveria olhar as demais opções e ter certeza que somente pessoas conhecidas estão vendo o perfil do filhote. Nada deve ser visível a qualquer pessoa que não seja realmente conhecida. Nada! Clique em todo o menu, leia todas as opções e bloqueie visibilidade de tudo o que puder para não-amigos.
Não adicione ou deixe adicionar fotos em alta resolução em sua conta, elas podem ser usadas em montagens (na melhor hipótese). Fotos não são seguras no Facebook, na verdade, nenhuma informação é. Pense duas vezes em adicionar detalhes ao perfil.
Fique de olho nas páginas que seu filho “segue”. O Facebook monitora páginas potencialmente perigosas, mas até serem encontradas estarão disponíveis. Acesse as mesmas páginas que ele e veja se parecem ser suspeitas. Se achar que são, DENUNCIE!
Se após sua denúncia o Facebook não remover a página, você pode denunciá-la à Safernet.org.br
Há várias páginas administradas por predadores se passando por celebridades infantis. Acha que é exagero meu? Entre várias, veja esta notícia no Estadão, ou esta da BandNews. Uma busca no Google pode te trazer mais resultados horrendos se ainda estiver em dúvidas.
O Pedro e eu já vimos situações reais em que a mãe descobriu a filha conversando com uma suposta figura da mídia. A suposta atriz pedia para que a criança se expusesse na webcam. Nojento, não?! Pois é. Nesse caso especificamente, não era necessário nem ver a conversa para um adulto notar a farsa. Bastava ser atento às páginas que a criança seguia. Era descaradamente falsa, mas uma criança não saberia dizer.
Eu também já descobri por acaso, um sujeito tentando se passar por uma colega de colégio de minha sobrinha. Fiquei horrorizada com a coisa acontecendo “no meu quintal” e apesar de todos os bloqueios que eu havia posto na conta. Felizmente ela não dá muita bola pro Facebook e nem tinha notado a mensagem do sujeito. Questionei a família toda se alguém conhecia, se poderia ser o pai de alguma amiga cuja filha estava usando a conta, ninguém conhecia, ninguém tinha ouvido falar. Poderia ser engano? Sim. Você estaria disposto a correr o risco? Nós não estávamos.
De qualquer forma, nem só de pedófilos podem vir problemas. Como já falei, bullying existe e tem várias caras.
Essas eram as dicas. Sei que parece espionagem e injusto, mas na mão de pais compreensivos e bem intencionados são boas ferramentas.
Se você for um desses, vai saber que uma hora você deverá se retirar. Uma hora seu filho vai descobrir como o Gmail funciona e vai notar seu email lá, melhor se retirar antes desse dia chegar. Eles devem andar pelas próprias pernas, os mais vulneráveis são os pequenos.
É importante lembrar que para os pais seus filhos são sempre anjos, mas eles podem ser os demônios da vida dos filhos de alguém. Muitas crianças são bullers e cabe aos pais repreender e ensinar valores. Então se decidir manter o olho por segurança, esteja preparado para descobrir que o seu filho é a ameça de outros e lidar com isso. Aqui não cabe conivência.
As minhas sugestões “não são ortodoxas” e provavelmente nenhum psicólogo ou pedagoga diria que são Ok. Nem eu mesma sou 100% a favor de todas elas. Entretanto cada criança é uma e vive num meio, espero que os pais saibam notar a necessidade de usar isso ou aquilo.
Talvez um pai cujo filho foi vítima de algum evento concorde comigo que a web é um horror, assim como profissionais de TI também o sabem. Contudo, por um curto período e especialmente com crianças pequenas, eu não vejo problema. Se seu filho já é crescidinho, por outro lado, aí fica estranho sim.
O quanto é “pequeno” ou “crescido”? Só os pais podem saber isso, acho eu. Embora alguns insistam em não ver.
Se você não estiver de acordo, ou quiser mais informações, o Google tem algumas sugestões de segurança para a família menos intrusivas: https://www.google.com.br/safetycenter/families/start/basics/
O Pedro também já fez um artigo aqui sobre o assunto, mas sendo menos radical e paranóico feito eu: Crianças na internet.
Como o Pedro colocou, pode ser uma questão de tomar tempo, conversar e discutir com os filhos. Isso com certeza ajudará em seu desenvolvimento, a se expor menos e interagir mais seguramente com esse universo. Mas, infelizmente não garantirá que o restante do mundo mantenha a mesma postura.